Em meu livro “A Borboleta Azul” (uma adaptação dos conceitos do Efeito Borboleta e da Teoria do Caos para crianças), vemos como uma borboleta pode mudar o rumo da história. E agora surge, de fato, um minúsculo organismo, um vírus a que chamaram de COVID-19, que põe em xeque o modo que a humanidade vê e lida com as coisas.
Vivemos em um Universo Inteligente. Todas as leis universais da física, da química, da biologia são leis muitíssimo inteligentes. Não as entendemos bem, pois ainda estamos em evolução. Por mais que as ciências tenham avançado, ainda há muito a evoluir.
Esse minúsculo ser veio para ensinar que colaborar é muito mais inteligente que competir. O COVID-19 nos apresenta muitos desafios, mas também apresenta uma grande oportunidade evolutiva. Estamos sendo forçados a aprender que a polarização esquerda versus direita – bem como o excesso de especialização – não apenas são falhos em equacionar os problemas fundamentais da nossa sociedade, mas também ineficientes em lidar com a situação emergencial pela qual o mundo está passando.
O mundo já sofreu pandemias épicas no passado, mas hoje temos a tecnologia para compartilhar ideias, compartilhar conhecimento de forma rápida e eficaz, permitindo decisões mais bem fundamentadas. Toda a sociedade, em todos os países do globo, é chamada a lutar pelo bem de todos. Unidos, buscamos soluções para superar a pandemia e para evitar o que pode ser uma das maiores crises econômicas que o mundo já passou. As questões à nossa frente são problemas macro, sistemas complexos nos quais diversos aspectos estão interligados. A solução para tais questões não podem ser traçadas por médicos, cientistas ou economistas trabalhando isoladamente.
A solução requer trabalho multidisciplinar. Mas, mais do que isto, a solução requer repensarmos muitas das nossas “verdades”. Não é uma questão de “voltarmos à vida normal”. O uso descontrolado de recursos naturais, obsessão pelo crescimento a qualquer custo, a iniquidade, a fome, a falta de acesso à saúde e à educação, não pode mais ser considerada normal.
A natureza nos deu um vislumbre do que é possível se redefinirmos nossas prioridades. Em apenas alguns meses, e pela primeira vez em muitas décadas, o Monte Everest é visível da Índia graças à queda do nível de poluição atmosférica; os canais de Veneza estão cheios de água cristalina; e peixes e tartarugas nadam livremente na rejuvenescida Baia de Guanabara, no Rio de Janeiro. Isso significa que muitos de nossos recursos naturais podem ser reconstituídos. Em meio às incertezas criadas pela pandemia, vemos amostras do que uma restauração coordenada de pensamento coletivo mundial pode alcançar.
O vírus veio para reforçar o que a ecologia há muito tenta nos ensinar: que temos a liberdade que o Livre Arbítrio nos dá, mas temos que usar bem essa liberdade, para criarmos uma sociedade mais orgânica, colaborativa e justa, enfim, uma sociedade mais inteligente, que mereça o nome de CIVILIZAÇÃO.
NOTA: As opiniões expressas nesse artigo são de responsabilidade do autor.
MAURÍCIO ROSCOE
Engenheiro civil, diretor-presidente da M. Roscoe Engenharia e Construção e da Paraúna Administração, ex-presidente da Fiemg e presidente do Conselho Consultivo da União Brasileira para a Qualidade – UBQ
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