(créditos da imagem de fundo: unsplash.com)
Em comemoração aos 100 anos de qualidade (saiba mais aqui), é importante reconhecer o trabalho das pessoas que ajudaram a construir o conceito de Qualidade que temos hoje e prestar uma homenagem a elas. No último artigo, contamos um pouco das histórias de William Edwards Deming e Joseph Moses Juran, dois participantes ativos da história da Qualidade. Dando sequência à história, hoje vamos conhecer a história de Kaoru Ishikawa, Armand Vallin Feigenbaum e Philip Bayard Crosby.
Kaoru Ishikawa (1915 – 1989) – Japonês, engenheiro químico diplomado na Universidade de Tokio, onde lecionou.
Ishikawa teve uma grande atuação no desenvolvimento da qualidade no Japão. Trabalhou e absorveu os conhecimentos de Deming e Juran, quando esses dois americanos orientaram o governo japonês na reconstrução do país após o término da segunda guerra mundial. Ele traduziu, integrou e expandiu os conceitos de gerenciamento de Deming e Juran para a cultura japonesa. Desenvolveu uma estratégia de ampla participação na qualidade, de cima para baixo dentro das empresas, envolvendo todos os empregados.
Uma relevante contribuição para a qualidade foi a criação em 1943, antes de sua parceria com Deming e Juran, do Diagrama de Causa e Efeito, também conhecido como Diagrama de Ishikawa ou de Espinha de Peixe. Uma ferramenta poderosa para a análise e solução de problemas, classificando e ordenando as causas das variações na qualidade e organizando as relações mútuas entre elas. Ishikawa e Deming usaram esse diagrama como uma das primeiras ferramentas nos processos da gerência da qualidade.
Em 1949 passou a integrar a União Japonesa de Cientistas e Engenheiros (JUSE), um grupo de pesquisa e controle da qualidade.
Talvez sua maior contribuição foi a criação em 1962, juntamente com a JUSE, dos Círculos de Controle da Qualidade (CCQ). Promovidos dentro das empresas, reúnem empregados que voluntariamente realizam reuniões em busca da qualidade na empresa. Os CCQs espelham a estratégia e a filosofia de Ishikawa de uma ampla participação, de cima para baixo, envolvendo todos os empregados.
Os Círculos de Controle da Qualidade estão difundidos por todo o mundo, sendo utilizados em empresas de grande, médio e pequeno porte, com resultados muitas vezes surpreendentes.
Ishikawa firmou conceitos que influenciaram a qualidade no mundo todo. Um deles:
“O controle da qualidade começa com a educação e termina com a educação. Para promover o Controle da Qualidade com a participação de todos, a educação em controle da qualidade precisa ser dada a todos os empregados, do presidente aos operários na linha de montagem.”
Armand Vallin Feigenbaum (1922-2014) – Americano, bacharel em engenharia pelo Union College em Schenectady, New York e mestrado e doutorado em engenharia econômica pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) em Cambridge.
Feigenbaum foi um modelo de compromisso com a qualidade, por toda a sua longa vida de 94 anos. Trabalhou na General Electric (GE). Iniciando como ferramenteiro, aproveitou os benefícios educacionais excepcionais oferecidos pela empresa chegando a Diretor de Fabricação e Qualidade, cargo que ocupou por dez anos antes de fundar a sua própria empresa, a General System.
Não existe nenhuma metodologia ou ferramenta da qualidade que possa ser atribuída a Feigenbaum. Desenvolveu todo o seu trabalho com uma visão sistêmica, agregando a qualidade às demais funções dentro da empresa. É mais conhecido pelo seu livro clássico “Total Quality Control (Controle Total da Qualidade)” publicado pela primeira vez em 1961. Esse livro foi uma expansão de um artigo publicado na revista Harvard Business Review em 1951 quando ele introduziu o conceito do controle total da qualidade no mundo ocidental. Também em 1951 publicou seu livro sob o título “Quality Control Principles: Practice and Administration (Controle de Qualidade: Princípios, Práticas e Administração)”.
Como empregado da GE, trabalhou na reconstrução de suas operações na Europa após o término da segunda guerra mundial, contribuindo para o desenvolvimento da qualidade na Europa. Foi um dos criadores da European Organization for Quality (EOQ) e, também, um dos fundadores da International Academy for Quality (IAQ).
Foi também um membro pioneiro da American Society for Quality (ASQ), sendo a única pessoa que ocupou a presidência por duas vezes.
Como legado, Feigenbaum definiu dois conceitos importantes: o da “Fábrica Oculta”, aquela que gera desperdícios e o conceito do “Custo da Qualidade”, focando os custos da sucata e o retrabalho que ocorre quando o trabalho não é realizado de maneira correta na primeira vez.
Philip Bayard Crosby (1926 – 2001) – Americano, engenheiro e empresário.
Engenheiro na Crosley Corporation em 1952, Gestor da Qualidade na Martin-Marietta em 1957 e vice-presidente da ITT em 1965 onde trabalhou durante 14 anos. Fundou a Philip Crosby Associates em 1979 e a Career IV Inc. em 1991.
Crosby contribuiu na teoria da gestão empresarial e nos métodos de gestão da qualidade. A ele são atribuídos os conceitos “zero defeito” e “fazer certo à primeira vez”.
Para Crosby, qualidade significava conformidade com as especificações que variam conforme a necessidade do cliente.
Seu livro “Quality is Free” (Qualidade é Gratis), publicado em 1979, é um dos clássicos da qualidade que vendeu mais de 2,5 milhões de exemplares.
Em 1996, lançou um novo livro intitulado “Quality is Still Free” (Qualidade ainda é Gratis).
Nos próximos dias, continuaremos contando a história da Qualidade. Fique ligado!
Caio Márcio Becker Soares é conselheiro consultivo da UBQ, membro da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ e do Conselho Empresarial de Produtividade da ACMinas – Associação Comercial de Minas Gerais.
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