(créditos da imagem de fundo: unsplash.com)
Em comemoração aos 100 anos de qualidade (saiba mais aqui), é importante reconhecer o trabalho das pessoas que ajudaram a construir o conceito de Qualidade que temos hoje e prestar uma homenagem a elas. No último artigo, contamos um pouco das histórias de Henry Ford, que estabeleceu a linha de montagem, e Walter Andrew Shewhart, criador do PDCA e do Controle Estatístico de Processo. Dando sequência à história, hoje vamos conhecer a história de William Edwards Deming e Joseph Moses Juran.
William Edwards Deming (1900-1993) – Americano, estatístico, professor universitário, autor, palestrante e consultor. Foi professor nas universidades de Nova York, Wyoming, do Colorado e de Yale. Autor de livros que são referência na administração, produtividade e qualidade.
As maiores contribuições de Deming foram as melhorias nos processos produtivos dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial e, a partir de 1950, seu trabalho no Japão na reconstrução desse país após o término da guerra.
O PDCA e o Controle Estatístico do Processo desenvolvidos por Shewhart foram as bases do trabalho de Deming, com resultados surpreendentes.
São também relevantes “Os 14 Pontos para a Gestão” de Deming, que orientam o caminho para a chamada qualidade total.
Ao retornar do Japão, Deming foi contratado pela Ford. As vendas da montadora estavam caindo e ele foi recrutado para ajudar na melhoria da qualidade dos carros. Como consultor, após observar atentamente a cultura da empresa e seu modo de operação, questionou ambas, informando os executivos que as decisões da gerência são responsáveis por 85% dos problemas da produção de melhores carros. Em 1982, contribuiu na criação da linha Taurus-Sable quando a Ford foi a automotiva americana mais rentável, ultrapassando sua concorrente General Motors. O sucesso da Ford se mantem até hoje, confirmando o talento de Deming.
Nos seus trabalhos, Deming sempre demonstrou a importância das 7 ferramentas da qualidade: Diagrama de Pareto, Diagrama de Causa e Efeito, Histograma, Folhas de Verificação, Gráficos de Dispersão, Fluxograma e Cartas de Controle.
Joseph Moses Juran (1904-2008) – Nasceu na Romênia e em 1912 mudou para os Estados Unidos juntamente com a família. Diplomou-se em Engenharia Elétrica na Universidade de Minnesota em 1925.
Iniciou sua carreira de engenheiro na Western Electrical Company. Foi convidado a participar do Departamento de Inspeção Estatística da empresa onde ficou responsável pela aplicação e disseminação de técnicas de controle estatístico da qualidade.
Foi transferido para a sede da empresa em New York no cargo de Chefe de Engenharia Industrial. Nessa função, realizou visitas a diversas empresas, ampliando sua visão e entendimento nos métodos de gestão da qualidade. Também nessa época se dedicou ao estudo do Direito, sendo diplomado pela Loyola University Chicago School of Law.
Com o término da Segunda Guerra Mundial, Juran decide deixar a Western Company e inicia sua carreira como consultor, focando sua atenção no estudo da gestão da qualidade. Desenvolveu projetos para Gilette, Hamilton Watch Company, Borg-Wagner e muitas outras empresas.
Uma contribuição significativa de Juran para a qualidade foi a publicação pela primeira vez em 1951 do seu Quality Control Handbook, considerado na época, e até hoje, uma referência para todo gestor da qualidade.
O Handbook despertou o interesse dos japoneses, preocupados com a reconstrução do Japão após a segunda guerra. Assim, convidaram Juran para consultoria às empresas e ao governo japonês. Juntamente com Deming que já estava trabalhando no Japão, colaborou na transformação desse país em potência mundial. Os dois, Deming e Juran, são considerados os pais da revolução da qualidade no Japão.
Outra contribuição de Juran é o seu Juran Management System (JMS). Resultado de mais de 50 anos de estudo, esse sistema foi iniciado na Toyota em meados da década de 50, sendo considerado o primeiro sistema a atribuir qualidade à estratégia empresarial.
A base do JMS é a Trilogia Juran, que engloba os seguintes conceitos: Planejamento da Qualidade, Controle da Qualidade e Melhoria da Qualidade. Pode-se observar que o PDCA de Shewhart também contribuiu para o JMS.
Em 1941, o economista italiano Vilfredo Pareto propôs o Princípio de Pareto, ferramenta importante para caracterizar e ordenar problemas, causas ou seus efeitos. Juran expandiu o Princípio de Pareto aplicando-o no nível organizacional no qual 80% dos problemas são causados por 20% das causas. Entretanto, não se pode ignorar as demais causas.
Em 1979, Juran criou o Juran Institute com o objetivo de disseminar suas ideias através de livros, vídeos e outros materiais. Até hoje o instituto é considerado uma importante consultoria de gestão da qualidade.
Mesmo após a morte de Juran em 2008 o Juran Institute continua a apoiar empresas na otimização da qualidade, mantendo acessíveis as contribuições de Juran.
Nos próximos dias, contaremos aqui a história de outras pessoas que fazem parte da história da Qualidade. Fique ligado!
Caio Márcio Becker Soares é conselheiro consultivo da UBQ, membro da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ e do Conselho Empresarial de Produtividade da ACMinas – Associação Comercial de Minas Gerais.
Se você gostou deste texto, compartilhe em suas redes sociais e ajude a UBQ na disseminação da Qualidade!
Comentários
Seja o primeiro a comentar!